19 julho 2001

N�o sei se a minha amiga vai ficar brava,
mas vou "roubar"a cr�nica dela e colocar aqui:
O Menino da Cueca Amarela
Foi no Nordeste, meu irm�o mais velho que � m�dico foi selecionado pra
ser chefe de um posto de vacina��o. E advinhem quem ele chamou para
ser sua enfermeira? Acertou se pensou. Isso mesmo - eu, com essa
coragem para lidar com sangue e que j� tinha desmaiado em duas
ocasi�es. Uma quando arranquei um dente de leite. Ca� morta na cadeira
e depois para n�o desmair de novo minha mami me prometeu uma Susi
enfermeira. E no pr�ximo dente, virei os olhos, mas aguentei firme,
pois ia perder a boneca se desmaisse de novo. A segunda vez foi numa
campanha de vacina��o de pistola. Cai dura quando chegou a minha vez
e pensei com meus bot�es infantis.

- Enfim estou livre desse tiro no meu bra�o.

Qual n�o foi minha surpresa ao acordar, aquele monstro aplicou
com toda for�a a vacina no meu bra�o esquerdo e n�o deu nem tempo
de gritar ou desmaiar de novo.

Ent�o s� por esses motivos, falei pro meu irm�o que n�o podia ser
sua enfermeira auxiliar, que era melhor chamar alguma colega dele
de faculdade, ou algu�m que tivesse disposi��o pra fazer isso.

Mas n�o houve jeito, vesti uma roupa branca do meu irm�o que ficou
parecendo um bal�o em mim de t�o grande e assumi minha por��o
Ana Nery e fui pra para o que pra mim seria uma guerra. O posto
de vacina��o foi instalado numa casa muito simples, numa encosta
de um morro e a pobreza era vista de todos os �ngulos. A vacina��o
era em gotas, pelo menos isso, se fosse de pistola estaria morta no
primeiro disparo.

A fila de meninos pobres e barrigudinhos, sabe barriga que d� pra
ter certeza que tem uma fam�lia de lombrigas instalada com mala e
cuia h� muito tempo ali. Os meninos em sua maioria vinham assim
catarrentos e buchudos, � assim que eles se referem as crian�as
l� em Recife.

Mas esse meninho que vou falar agora me chamou aten��o, ele bem
pretinho e franzino, acho que de uns 4 anos, mas que talvez tenha
mais idade, n�o sei dizer ao certo.
Ele veio muito perfumado e com muito talco no peito. Mais era tanto
p� que quase ele ficou branco como Michael Jackson. E ele usava
apenas uma cuequinha de nylon de um amarelo bem forte.

Segurei o rostinho dele e ele me abriu um sorriso lindo de dentes
de uma alvura l�mpida, mesmo depois de tomar aquela gota horr�vel
de gosto.

Chegou a hora do almo�o e a dona da casa mesmo com toda pobreza
nos convidou para comer uma deliciosa galinha guizada e que c�
pra n�s, n�o gosto muito. Mas quem sou eu para fazer uma desfeita,
comi tudo. Mas o que gostei mesmo foi da sobremesa, doce de banana
de tacho. Daqueles que a pessoa mexe tanto no fogo que pode at� criar
m�sculos e ta� uma coisa que jamais me atreveria a tentar fazer.

Fui para frente da casa passar meus quinze minutos de sesta que
meu irm�o tinha me concedido. E qual n�o foi minha surpresa ao
olhar na rua, e ver o menino correndo "pelado" atr�s de uma bola.
Ainda deu tempo dele me dar um tchauzinho.

Fiquei ali incr�dula, era a constata��o: a cueca amarela era sua
roupinha de sair.

Ele tinha se arrumado todo para ir apenas se vacinar, e ao chegar
em casa sua m�e dever ter tirado sua vestimenta de gala e o deixou
igual aos outros, que brincavam pelados na rua.

Nunca esqueci esse garoto que desde aquela �poca, o chamo de
"menino do Candinho"ou o "menino da cueca amarela". Era esse menino,
era essa pobreza que o Portinari pintou e que vi com os meus olhos de
uma enfermeira de uma dia s�.
"By Rosi Lilica Luna", do Lunarossa
sens�vel e magnifica!!!

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Antes tarde do que nunca...
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La�di
Nossa artista plastica La�di finalmente deu sinal de vida!
Est� muito bem, esquiando em Aspen, e manda agradecimentos aos in�meros
admiradores.
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Estou pasma!
Nosso reduto, o Palpite, do site dos Anjos, est� abandonado!
Ser� que os blogs ocupam toda a nossa criatividade? Ou � o racionamento?
Muito triste...



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