13 junho 2007

Haibun

Percepção
- Mariazinha Cremasco
Trancado em seu mundo, não vê o sol nem a lua ou as estrelas. Porém tem total consciência de suas existências. Seu maior desejo é ver as flores e seus matizes. De repente, a porta se abre e um gato lhe sorri. Ele percebe que além das cores e flores, pode sentir o calor da vida.
Gato no muro
pisa de mansinho
no orvalho

Se foi...





Meu querido Chico se foi.
Deixou muita lembrança boa, não só no meu coração mas em todos aqueles que conheceram esse simpático gato.
Foi amigo, companheiro, solidário, compreensivo.
Aguentou a dor, a solidão, a doença, a ignorância com a mesma tolerância.
Nos acompanhava pela rua, miando, quando saíamos.
Do alto dos telhados, nos aguardava voltar.
Um por um, quando chegávamos, ele saldava com miados curtos e alegres.
E vinha nos acompanhando, com sua linda cauda em pé, até entrarmos em casa.
Preferia a rua, entrava apenas quando tinha fome ou frio, saudava os conhecidos, que brincavam com ele e sabiam seu nome, com uma esfregação acompanhada de um miado prolongado.
Mas não saía da minha porta, aqui ele era rei, dormia sobre os carros, subia e descia das telhas quentes, entrava pelo meio das patas da Nara, que latia como louca mas nunca conseguia pega-lo de verdade...
Ele se foi, deixou lembranças na rua toda, até os mais renitentes odiadores de gatos acabaram se rendendo aos seus simpáticos miados... e nos nossos corações, um vazio muito grande...