05 setembro 2002


N�o h� caminho novo.
O que h� de novo � o jeito de caminhar.

Existe uma coisa dif�cil de ser ensinada e que, talvez por isso, esteja cada vez mais rara: a eleg�ncia do comportamento. � um dom que vai muito al�m do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza. � a eleg�ncia que nos acompanha da primeira hora da manh� at� a hora de dormir e que se manifesta nas situa��es mais prosaicas, quando n�o h� festa alguma nem fot�grafos por perto. � uma eleg�ncia desobrigada.


� poss�vel detect�-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. E quando falam, passam longe da fofoca, das pequenas maldades ampliadas no boca a boca. � poss�vel detect�-la nas pessoas que n�o usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque n�o sentem prazer em humilhar os outros.


� poss�vel detect�-la em pessoas pontuais. Elegante � quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, � quem presenteia fora das datas festivas, � quem cumpre o que promete e, ao receber uma liga��o, n�o recomenda � secret�ria que pergunte antes quem est� falando e s� depois manda dizer se est� ou n�o est�. Oferecer flores � sempre elegante.


� elegante n�o ficar espa�oso demais. � elegante n�o mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. � muito elegante n�o falar de dinheiro em bate-papos informais. � elegante retribuir carinho e solidariedade. Sobrenome, j�ias e nariz empinado n�o substituem a eleg�ncia do gesto.


N�o h� livro que ensine algu�m a ter uma vis�o generosa do mundo, a estar nele de uma forma n�o arrogante. Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural atrav�s da observa��o, mas tentar imit�-la � improdutivo. A sa�da � desenvolver em si mesmo a arte de conviver, que independe de status social: � s� pedir licencinha para o nosso lado brucutu, que acha que "com amigo n�o tem que ter estas frescuras".


Se os amigos n�o merecem uma certa cordialidade, os inimigos � que n�o ir�o desfrut�-la.
Educa��o enferruja por falta de uso.
E, detalhe: n�o � frescura. � a eleg�ncia do comportamento.


(Thiago de Melo)


li no Wumanity e achei t�o primoroso e t�o adequado ao momento que n�o resisti!

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